terça-feira, 13 de julho de 2010

Formações colunares de basalto

via A Matéria do Tempo by Fernando Ribeiro on 7/11/10

Rocha dos Bordões, Ilha das Flores, Açores (Foto: Rafaela Pereira)

O basalto é uma rocha de origem vulcânica muito dura, de cor negra, cinzenta ou verde escura, que resulta da solidificação rápida de lava em contacto com a atmosfera, por ocasião de erupções vulcânicas. Como solidificou rapidamente, o material que compõe esta rocha não teve tempo para cristalizar a um ponto tal que os seus cristais possam ser vistos a olho nu. O basalto apresenta, portanto, uma textura lisa ou granulada muito fina. Ler Mais
Durante o processo de arrefecimento, o basalto contrai-se. Da contração podem resultar fraturas, as quais podem ser de tal maneira que a rocha acaba por se apresentar sob a forma de colunas prismáticas de base frequentemente hexagonal. Foi o que aconteceu, nomeadamente, na chamada Calçada dos Gigantes, na Irlanda do Norte, que está classificada como Património Natural da Humanidade.

Em Portugal, também há locais onde o basalto solidificou sob a forma de colunas prismáticas. Os exemplos mais espetaculares deste fenómeno encontram-se nas regiões autónomas dos Açores e da Madeira. No caso dos Açores, é de destacar a chamada Rocha dos Bordões, na ilha das Flores. Se outras belezas naturais esta ilha não tivesse (e tem tantas e tão grandes!), a Rocha dos Bordões seria, por si só, um excelente motivo para uma visita à ilha das Flores.

Na caldeira da ilha do Faial, também no arquipélago dos Açores, existe igualmente uma formação prismática, num domo situado no interior da cratera, ao qual foi dado o nome de Altar. Contudo, o sismo que em 9 de Julho de 1998 abalou esta ilha, causando infelizmente nove mortos, cerca de cem feridos e enormes destruições em edifícios, também afetou o Altar. O abalo provocou um desmoronamento de materiais soltos (terra e pedras) existentes no cimo do domo, de tal modo que as colunas prismáticas ficaram parcialmente cobertas por eles.


Pico de Ana Ferreira, Porto Santo, Madeira (Foto: nunosuna)

No caso do arquipélago da Madeira, é na ilha do Porto Santo que se encontra a mais notável formação basáltica em colunas prismáticas da região. Esta formação é chamada Piano e fica no Pico de Ana Ferreira. O Porto Santo é uma ilha verdadeiramente fascinante, belíssima e no entanto completamente diferente da ilha da Madeira. O Pico de Ana Ferreira é um dos motivos de atração notáveis que o visitante pode admirar no Porto Santo.

Em Portugal Continental também existem colunas prismáticas de basalto. Não têm, nem de perto nem de longe, a beleza e a grandiosidade das da Rocha dos Bordões e do Piano, mas sempre são melhores do que nada. Concretamente, a região da Estremadura -- que corresponde mais ou menos ao distrito de Lisboa -- está em grande medida assente em basalto e também em calcário. A própria capital portuguesa foi na sua maior parte erguida sobre negro basalto. Isto é assim porque, há muitos milhões de anos, houve uma intensa atividade vulcânica na região. Foi dessa atividade vulcânica que resultou o basalto que agora encontramos, o qual, aliás, é o principal responsável pelas belas paisagens que podemos admirar nas zonas rurais do distrito de Lisboa: em Bucelas, Arranhó, Arruda dos Vinhos, Sobral de Monte Agraço, Merceana, Alenquer, Dois Portos, Pero Negro, Malveira, Mafra, etc. etc. Os cabeços que existem espalhados por toda a região são predominantemente de basalto. São eles que, depois de terem sido modelados pela erosão, dão à paisagem uma personalidade feminina, cheia de doçura e de curvas sensuais... Os campos e as hortas que os saloios amorosamente cultivam, por seu lado, acrescentam ainda mais beleza e graciosidade às da própria Natureza. A Estremadura é uma região indiscutivelmente bela e acolhedora.


Penedo de Lexim, Mafra (Foto: Susana Morais)

Há, portanto, na Estremadura pelo menos duas formações basálticas em colunas prismáticas. Uma delas é o chamado Penedo de Lexim, que fica na freguesia da Igreja Nova, concelho de Mafra. Depois de se ter visitado o rochedo, é aconselhável uma visita a uma aldeia muito próxima, chamada Mata Pequena, da qual se tem uma vista muito bonita sobre o profundo e pitoresco vale da Ribeira de Cheleiros. A segunda formação basáltica colunar fica no Cabeço de Montachique, freguesia de Lousa, concelho de Loures. É um cabeço sobranceiro à auto-estrada A8, do qual também se tem uma bonita e ampla vista.


Cabeço de Montachique, Loures (Foto: Nuno Miguel Pires Correia)

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