sábado, 21 de novembro de 2009

Recensão da obra Em Nome da Pátria

"Não soubemos «merecer os nossos antepassados» poderá ser a síntese que nos leva ao veredicto final: aqueles que não souberam defender a pátria, por não a terem sabido amar, acarretarão para sempre, e perante a posterioridade, as responsabilidade e a vergonha de a terem deixado perder. " (Em Nome da Pátria, pág. 513) de João José Brandão Ferreira»
Rui Moio

via Nacional-Cristianismo by NC on 11/21/09
Mais uma obra que cai na sociedade socialista portuguesa como uma pedra no charco. A conta gotas as verdades vão surgindo, 35 anos após a hecatombe, o corajoso militar traz a lume a questão da vergonhosa descolonização apontando o dedo quer aos traidores quer aos inimigos dos portugueses situados no exterior. As primeiras palavras de Brandão Ferreira não deixam dúvidas que estamos na presença de um livro excitantíssimo, o autor começa logo, no átrio, com uma verdade inequívoca, o facto de "a História ser sempre escrita pelos vencedores". O livro demonstra que Portugal fez uma guerra justa, que militarmente dominávamos sobre as forças terroristas, e que a razão pendia para o nosso lado. Somos de seguida convidados a pensar no porquê de no "terceiro mundo" os nacionalismos serem incentivados exacerbadamente enquanto na Europa das nações o nacionalismo ser violentamente reprimido. Uns devem ser nacionalistas e os outros não, porquê?! Há aqui uma distinção que roça a discriminação difícil de perceber, ou melhor, só é difícil de perceber para quem desconhece os meandros da política internacional, convenhamos que nas últimas décadas o esclarecimento não tem sido salutar, enquanto o embrutecimento das populações uma amarga realidade.

A resposta não poderia ser outra, os países comunistas fomentaram o terrorismo com vista a dominarem uma parte importante do globo no contexto da Guerra Fria. O antiportuguesismo atacou dentro e fora das nossas fronteiras, mas sempre com a ONU à cabeça dos movimentos subversivos.

O autor apresenta sempre Salazar como irrepreensível e como um homem superiormente inteligente e de grande prudência. Relativamente a Adriano Moreira o autor classifica-o como um indivíduo pertencente nos anos 60 à esquerda moderada, o que contribui para a nossa curiosidade na medida em que este perito nos assuntos ultramarinos e em Ciência Política viria a passar-se por uma figura de direita, enfileirando no CDS, após a revolução dos cravos vermelhos. Este singelo facto corresponde a mais uma prova que a verdadeira direita foi banida na época dita democrática. Também é focado o nome de Marcello Caetano que sendo indiscutivelmente uma mente brilhante na área académica acabou por ser um fracasso como governante, sendo-lhe imputadas responsabilidades no estranho capitular do governo em 1974, uma vez que a sua inércia apesar dos avisos da DGS, permitiu o sucesso dos revoltosos. O livro é isento de interesses partidários e do fanatismo ideológico, logo o que nele se relata é a verdade dos acontecimentos.

Os ventos afinal estavam a nosso favor, os EUA estiveram ao lado de Portugal excepto no período da administração de John Kennedy. A realidade económica de Portugal era um verdadeiro milagre face aos desastres financeiros que varriam o mundo no tempo de Salazar, e só os pérfidos poderão negar a virtude do grande estadista. Quando surgiu a questão do Mercado Comum, Portugal recusou a sua integração pois avaliados prós e contras se chegou à conclusão de que daí advinham graves prejuízos. Ficou dessa forma salvaguardada a economia nacional, a comprová-lo o crescimento contínuo do Produto Nacional Bruto (PNB), a acumulação de reservas de ouro, e a inexistente dívida externa. Portugal era uma Nação orgulhosa de si mesma, em visível expansão económica, honrando brilhantemente os seus heróicos 800 anos de História.

Há medida que se relatam as tragédias, as frias crueldades e traições que desabaram sobre os portugueses além-mar a emoção e a vergonha vão inevitavelmente constringindo o coração do leitor. Salta à vista as duas mentalidades do antes e do pós revolução, uma primava pela consciência nacional a outra pela delapidação nacional.

A conservação das províncias ultramarinas portuguesas chocava com o liberalismo baseado na concorrência do comércio internacional e com o imperialismo económico dirigido pelas novas potências militares emergentes após a Segunda Guerra Mundial. Contudo, prevaleceram as acções antipatrióticas e lesivas do interesse nacional. São quase 600 páginas de romance da vida real, uma tragédia! Leitura imperdível para quem procura verdades.

Fragmentos da Obra em Destaque

"à data do inicio da subversão, Portugal era um Estado financeiramente forte, com uma administração rigorosa, onde existia um superavit nas contas e onde a massa monetária em circulação valia efectivamente o que representava, por estar coberta pelas reservas de ouro e pelas divisas. Daí que o escudo fosse uma das moedas mais estáveis, fortes e respeitadas do mundo." (Em Nome da Pátria, pág. 132).

"Durante séculos, o pensamento católico procurou um meio-termo possível entre a imoralidade de deixar sem defesa o bem comum e a imoralidade da violência desproporcionada. A Igreja sempre procurou humanizar os conflitos armados tidos como um mal. Foi no seguimento desse princípio que surgiram as leis da cavalaria, as tréguas de Deus, os usos da guerra, o tratamento de prisioneiros, etc., que estão na origem das modernas leis da guerra. O dever de defender uma cidade era evidente para a maior parte dos ministros religiosos, já Santo Agostinho afirmava que «ninguém negará ao sábio o direito de fazer a guerra justa ao inimigo», enquanto que Santo Ambrósio, por seu lado, considerava justa a guerra por ofensas à honra. Estavam assim lançados os fundamentos da guerra justa, cuja primeira definição foi avançada pelo bispo de Hipona: «Costumam definir-se guerras justas as que vingam injustiças.»" (Em Nome da Pátria, pág. 245/6).

"Pior do que a guerra é as sociedades humanas viverem subjugadas pela violência unilateral de um só grupo, pelo poder dos fortes sem escrúpulos, pelo vício, pela corrupção que não conhece limites, pela negação da verdade, da justiça ou liberdade. Ou seja, pelo domínio do mal e pelo desespero de saber que a paz e a ordem jamais serão restabelecidos. O bem que a paz fomenta nunca poderá ser garantido pelo comodismo pacifista, nem poderá provir da iniquidade de entregar as populações aos caprichos de ideologias ou de ideais perversos." (Em Nome da Pátria, pág. 250/1).

"É curioso verificar que os EUA e a URSS, sempre tão pródigos em apoiar a descolonização e a autodeterminação das populações e dos territórios dos outros, não o admitam em relação a si mesmos. Senão vejamos: que dizer dos territórios que o ducado da Moscóvia, mais tarde Rússia, foi anexando em todas as direcções, só parando no Pacífico, no Cáucaso e numa fronteira muito instável na Europa Oriental? Será porque conquistaram a cavalo e os ocidentais foram de navio? E os americanos, alguma vez pensaram em conceder a independência aos índios? Ou entendem que têm mais direito ao Louisiana e ao Alaska, só porque os compraram, do que os portugueses à Guiné, que descobriram e colonizaram? E será que o factor geográfico é válido para Moçambique e não é válido para o Havai?" (Em Nome da Pátria, pág. 361).

"a Santa Sé usou de uma grande duplicidade em relação a Portugal, sobretudo durante o Pontificado de Paulo VI; por um lado visitou Fátima, por outro lado recebeu os responsáveis pelos movimentos independentistas; por intermédio do episcopado português apoiava a política de Lisboa, mas através de missionários e de católicos «progressistas» apoiava os agentes da subversão." (Em Nome da Pátria, pág. 364).

"as contas estavam equilibradas e não havia deficit; a inflação era muito baixa e praticamente não havia desemprego; os salários, apesar de baixos, foram subindo paulatinamente, sendo a diferenciação dos valores nas diferentes profissões muito mais equilibrada e justa do que aquilo que se passou a verificar depois da revolução de Abril," (Em Nome da Pátria, pág. 371).

"Por aquilo que é secundário, negoceia-se; pelo que é importante, combate-se; pelo que é fundamental, morre-se." (Em Nome da Pátria, pág. 398).

"Não soubemos «merecer os nossos antepassados» poderá ser a síntese que nos leva ao veredicto final: aqueles que não souberam defender a pátria, por não a terem sabido amar, acarretarão para sempre, e perante a posterioridade, as responsabilidade e a vergonha de a terem deixado perder. Deus guarde Portugal e os Portugueses." (Em Nome da Pátria, pág. 513).

Bibliografia: João José Brandão Ferreira, Em Nome da Pátria, publicações Dom Quixote, Lisboa, 2009.

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