sexta-feira, 30 de maio de 2008

ANTÓNIO BOTTO

via Da Literatura de Eduardo Pitta em 29/05/08

Numa livraria ou feira perto de si, os dois primeiros volumes da colecção de obras completas de António Botto, por mim dirigida: Canções e Outros Poemas (na imagem) e Fátima. À semelhança de Leaves of Grass de Walt Whitman ou de O Medo de Al Berto, Canções é uma obra que foi crescendo, entre 1921 e 1941, sucessivamente acrescentada de novos títulos, até atingir, na sua forma definitiva, os quinze livros que a compõem:

1. Adolescente / 2. Curiosidades Estéticas / 3. Piquenas Esculturas / 4. Olimpíadas / 5. Dandismo / 6. Ciúme / 7. Baionetas da Morte / 8. Piquenas Canções de Cabaret / 9. Intervalo / 10. Aves de Um Parque Real / 11. Poema de Cinza / 12. Tristes Cantigas de Amor / 13. A Vida Que Te Dei / 14. Sonetos / 15. Toda a Vida.

Para esta edição segui a de Abril de 1941. Decidi assim por ser a que ficou a salvo dos cortes e acrescentos de outras que se seguiram. Porém, sem prejuízo dessa decisão, foram cotejadas as de 1932, 1944 e 1956, com vista a dirimir dúvidas na fixação do texto. Verificando que, em 1944, António Botto alterou profundamente a estrutura de Toda a Vida, tendo-o feito com alto conseguimento, optei, para esse livro, por seguir a referida edição. Cartas Que Me Foram Devolvidas, uma sequência em prosa constante da edição de 1941, terá publicação em volume autónomo. No seu lugar surge O Livro do Povo, obra de 1944. Foram também incluídos dez longos poemas de Ainda Não Se Escreveu, colectânea irregular publicada três meses depois da morte do poeta. Entre edições vigiadas por Botto, antes e depois da partida para o Brasil em 1947, e edições feitas à sua revelia, em Portugal e no Brasil, antes e depois de 1959, é praticamente impossível seguir o rasto da obra, em particular o de Canções. Como a esse conjunto de quinze livros juntei outro e ainda parte de outro, tem razão de ser o título ora adoptado: Canções e Outros Poemas. Nas suas 427 páginas, este volume reúne a quase totalidade da obra poética do autor. De fora ficaram os poemas de Ódio e Amor (1947), colectânea menor, bem como Fátima (1955), publicado no Brasil no auge de uma crise de fé, já disponível em volume próprio (o 2.º da colecção). Seguem-se outros dedicados à prosa, aos contos, incluindo os para crianças, ao teatro, aos cantares e, a fechar, Ele Que Diga Se Eu Minto (1945), breves apontamentos do quotidiano, num registo a que hoje chamaríamos posts. Cada um dos oito volumes inclui nota editorial, bem como cronologia biobibliográfica. O primeiro, Canções e Outros poemas, inclui também uma introdução. Já não há desculpa para não ler o Botto.

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