segunda-feira, 21 de abril de 2008

Língua: "Perigosa" hegemonia do inglês junta hoje em Lisboa Lusofonia, Francofonia e Hispanofonia

Lisboa, 21 Abr (Lusa) - Representantes da Lusofonia, Francofonia e Hispanofonia, membros do grupo Três Espaços Línguísticos (3L), e ainda do árabe, reúnem-se hoje em Lisboa para coordenar acções de promoção linguística, tendo como pano de fundo o "perigo de hegemonia do inglês".
Nos trabalhos "não haverá nenhuma palavra em inglês, excepto talvez alguns inglesismos que já se instalaram nas nossas línguas. Nos corredores, vamos falar as diferentes línguas representadas. Se alguém tiver dificuldade, terá de encontrar um intérprete", ironiza Luís Fonseca, secretário executivo da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), anfitriã do encontro 3L pela primeira vez.
Além do diplomata cabo-verdiano que representa a lusofonia, marcam presença em Lisboa Abou Diouf, secretário-geral da Organização Internacional da Francofonia, Enrique Iglesias, secretário-geral Ibero-Americano, e ainda Mongi Bousnina, director-geral da Organização Árabe para a Educação, Cultura e Ciência, que participa na reunião de Lisboa com estatuto de observador.
A reunião conta ainda com a presença de Koichiro Matsuura, director-geral da UNESCO - organização que comemora em 2008 o Ano Internacional das Línguas - e do representante das Nações Unidas para a Aliança das Civilizações, o ex-Presidente da República Jorge Sampaio.
Os trabalhos à porta fechada prevêem debates sobre a "intercompreensão das línguas latinas", sinalética multilinguística e indústrias culturais, abordando o predomínio da língua inglesa na internet, e também no mundo empresarial e académico, o que Luís Fonseca considera "um impacto negativo da globalização".
"Não bastam medidas burocráticas e administrativas. Temos de garantir que haja produção de qualidade que obrigue os interessados a ler os nossos autores, estudar os nossos filósofos, conhecer os nossos artistas. São acções que devem ser desenvolvidas simultaneamente e de forma coordenada. Não se trata de uma guerra de línguas, mas de garantir que todos tenham oportunidade de se afirmar", afirmou à Lusa o diplomata.
Da reunião de hoje deverá sair ainda uma declaração de pesar sobre o poeta francófono Aimé Cesaire, que Fonseca considera "um dos pioneiros da defesa da diversidade cultural".
PDF.
Lusa/Fim
Comentários
  • estrangeiro
    Acho que nao é sobre "viajar para o Japão para Israel ou para a Noruega". Mas sobre o que se fala e qual musica se ouve em Portugal etc. Sou alemão e me faz vomitar ouvir o que falam os jovens alemães hoje em dia. E vejo as mismas tendencias ca em Portugal na geração morangos com açucar. Pelo menos nos paises latinos temos que combater o inglês :)
  • Pestana
    Sr PJ
    Os que defendem o indefensável e justificam-no com baboseiras,apenas contribuem para aumentar os problemas existentes e ajudam à criação de novos.Os gritos de alerta emitidos um pouco por todo o planeta,são motivo para repensar se esse é um comportamento correcto.
  • estrangeiro
    Um dos problemas é que não so são as palavras que vêm com o inglês, mas tambem as ideias e a mentalidade, a falta de cultura e o horizonte baixo dos EUA, Inglaterra etc.
    E não é necessario usar inglês porque francês, português etc. sao linguas completas e perfeitas em que se pode dizer tudo.
  • JS
    Ora aí está "Estrangeiro" ! Acertou também na "mosca"!
    Eu penso (Je pense), que o Alemão também é uma língua bonita de se ouvir, quando bem falada e pronunciada. Há cantores alemães que é um regalo ouvir eles a cantar! Gosto muito de Heino. Em francês é lindo ouvier Juliette Gréco, Edith Piaf, Jacques Brel entre taaaaaaantos! é um paraíso nos nossos ouvidos escutá-los! Em inglês também há...mas são mais aqueles que passam a vida a dançar no palco que a cantar e quando cantam às vezes bééérram! Quanto a mim, o inglês vulgar, está mais conectado com off-shores, engenharias financeiras, exploração, com o economês que se pratica no mundo inteiro, salvo raras excepções! com o carjacking, estadojacking, Pin's, lucros cessantes...ect. etc. etc.
  • Pestana
    Sr Estrangeiro,
    É porque as pessoas sempre defenderam as suas línguas que hoje temos milhares por todo o mundo,verificamos que isso teve um efeito desastroso para todos porque os povos de línguas dominantes usaram isso para dominar os mais fracos que por sua vez,devido em muito, às barreiras linguísticas,não se conseguem libertar da exploração a que estão sujeitos.
  • Pestana
    ...A índia é de longe o país com mais línguas,conta com perto de 1500,sempre se pensou que o sistema de castas adoptado era o principal responsável pela enorme diferença de condições de vida entre ricos e pobres,hoje as castas estão sendo abolidas mas as desigualdades sociais não diminuem,tudo aponta para um papel das línguas,pelo menos tão importante ao das castas neste fenómeno.

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