segunda-feira, 27 de junho de 2005

ROTULAR AS PESSOAS

Uma das grandes falhas da psicologia, está na ânsia da maioria dos psicanalistas pretenderem sempre, rotular as pessoas e os diversos tipos de comportamentos. Parece que é só verificar em qual tipo de rótulo a pessoa se identifica melhor, e a maioria dos problemas estariam resolvidos ( para o psicológico).

Desta maneira, adjetivos como egocêntrico, extrovertido, introvertido, psicótico, emotivo, radical, megalomaníaco, esquisóide, esquizofrênico, paranóico maníaco depressivo, compulsivo, impulsivo compulsivo convulsivo, psicodependente, quimiodependente, ostracismo, isolacionista, conservador, liberal de esquerda, liberal de direita, liberal de centro, neoliberal, existencialista, egoísta, temperamental,

Complexada, poeta, filosofo, ermitão, miserável, piedoso, generoso e mais dezenas de outros adjetivos qualificativos de comportamento, que engrossariam muito mais esta enorme lista.

A falha do psicanalista estaria na sua acomodação, assim que encontra o tal rotulo (muitas vezes sem aprofundar) para identificar o tipo de comportamento em que o indivíduo mais se identifica.

Mas se perguntarem a uma pessoa, se gosta de ser rotulada, a resposta sempre será: ­Detesto!

Realmente ser preconceituado com rótulos, seria a coisa mais desagradável que se poderia imaginar. Não só intolerável como tambem injusta, já que nenhum rotulador teria a capacidade de possuir informações suficientes para conceber essa classificação.

A prova maior de que ninguém pode ser rotulado de louco ou normal, estaria na necessidade de se inteirar de uma gama de dados tão grande, quanto fossem necessárias para se chegar a essa síntese sem grandes margens de erros. (estamos excluindo casos de deformações patológicas visíveis) E outro agravante de se chegar a síntese, seria alcançar a soma de dados necessária para saber onde a pessoa age como louco e onde a pessoa age como normal?

Muitos são os casos em que se classifica a pessoa com adjetivos, frutos dos nossos sentimentos:

Se a amamos ela será: normal, magnifica e maravilhosas.

Se a odiamos ela será: anormal, nociva, alienada, egoísta e perigosa.

De modo geral parece que tudo é produto da idiossincrasia do momento.

Existem muitas pessoas que tem o famoso "ataque dos 5 minutos" onde poderiam ter manifestações tidas como anormal, levando-as a atos de agressão ou gestos menos aceitáveis ou mesmo perigosos para si ou outros semelhantes. Mas mesmo nestes casos, caberia a trabalhosa informação de se saber onde, como, quando, porque, quem e o que produzem estes tipos de reações. Dificilmente alguém iria tão fundo, e pela lei do mínimo esforço, acaba-se classificando comodamente, o elemento em qualquer adjetivo que o desqualifique como normal e fim do problema. Outra grande sombra de duvidas, seria a qualificação como normal, por quem nunca assistira as reações inconvenientes da pessoa.

Apenas queremos salientar de que não é fácil classificar as pessoas quanto aos seus possíveis tipos de comportamento. Poderíamos quando muito, perceber certas tendências o que nos levaria a classificar o indivíduo num grupo de alto risco, e simplesmente elimina-lo do grupo dos normais.

Outra grande questão que não pretendemos entrar na área neste momento, seria o que se chama de normalidade?

Fica bem claro, que uma das coisas mais difíceis seria identificar um indivíduo quanto as suas faculdades, personalidade, carater , aptidões. Inteligencia e desvios de comportamento.

Mas de qualquer forma temos que conviver com pessoas da nossa sociedade, e sempre existirá a possibilidade de seremos surpreendidos com reações das mais diversas, que provocariam o choque da situação do imprevisível, apesar de todos os nossos esforços de tentar compreender o nosso próximo.

A pretensa psicanálise se agrava quando se trata de uma mulher querendo entender o comportamento masculino ou quando um homem pretende se inteirar do comportamento feminino. De um lado ou de outro, certos comportamentos sempre parecerão ridículos e/ou condenáveis. Não se pode deixar de lado, a grande verdade de que nem tudo provem da lógica e da razão pura. Todos os pensamentos estão sempre mesclados com os estímulos e as tendências do instintivo. O que é atraente para uns é repulsivo para outros. O que é justo fica injusto aos olhos de outros.

O melhor conselho parecer ser a forma dos árabes de dizerem: "Todo mundo é bom." (pelo menos da boca para fora.)


Fonte_Grupo Yahoo - Artigos e Ensaios post - final de Junho 2005

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